sábado, 21 de abril de 2012

Encantos e desencantos da cidade: histórias e memórias do Mercado Municipal de Pouso Alegre/MG


Artigo publicado na edição nº 52 de Fevereiro de 2012 na Revista Histórica

Ana Eugênia Nunes de Andrade [*1] 
Fernando Henrique do Vale [*2]

No Mercado Municipal são constituídas relações sociais entre os sujeitos históricos, o que o torna, desta forma, um ponto de encontro para discussões, conversas com amigos, troca de informações e diversão. Alguns memorialistas da cidade, como Amadeu de Queiroz, relatam suas vivências. Este relembra os espetáculos de circo que aconteciam em sua infância em torno do Mercado Municipal, na pequena Pouso Alegre: “Os espetáculos mal animavam o sossego das noites de Pouso Alegre, e no dia a dia repisados, cessavam por falta de assistentes. E o circo desaparecia, deixando por muito tempo um círculo escavado e batido no chão do Largo do Mercado”[*3] . As diversões também eram marcadas por noites de leilões de doces e assados, fato mencionado por outros memorialistas, e ali se estabeleciam relações culturais e sociais, criando vínculos afetivos e de amizade.

Durante o dia, o espaço era utilizado para o comércio. A cidade possuía alguns empórios, porém, devido à localização estratégica do Mercado, na área central da cidade e próximo da Igreja Matriz e da praça principal, o encontro e a comercialização de certos produtos, como hortaliças, legumes, frutas, cereais, carnes, entre outros, eram favorecidos. Segundo Antonio Marques de Oliveira, “o mercado funciona somente aos domingos, a fim de deixar livre aos que o abastecem, isto é, a pequena lavoura, o resto da semana” [*4].

Domingo também era um dia estratégico. Tudo se concentrava naquele entorno: a missa logo de manhã, o passeio na praça, e o tempo que se tinha naquele dia de fim de semana, após a jornada de trabalho desenvolvida nos outros dias. Ainda compondo o Largo do Mercado, observamos, a partir da pesquisa, a presença de algumas residências, onde residiam famílias tradicionais da cidade. Uma delas, sabida que já habitava aquele espaço do largo do Mercado, é a Família Meyer, que até hoje fixa sua residência no mesmo local.

O espaço da cidade e as práticas em torno dela também trazem consigo toda uma rede de representações, de memórias que se entrelaçam construindo o saber e a visão de mundo que envolve os diferentes sujeitos. Para Roger Chartier [*5] a História precisa ser entendida com o conjunto de experiências humanas. Ao se fazer um estudo dos grupos sociais considera-se os significados das práticas coletivas de acordo com as ações dos sujeitos sociais e das convenções instituídas pelas comunidades.


Tomando como ponto de partida a História Social, nossa discussão se permeará sob o novo jeito de se pensar história, tão discutido e debatido nos meios acadêmicos, algo oposto às ideias tradicionais, em que se dá importância apenas a grandes fatos e vultos. Ao estudar o passado não devemos detê-lo como algo finalista e conclusivo, mas, sim, a partir dele, compreender o presente, como afirma Marc Bloch:

Em primeiro lugar, a história não seria mais entendida como uma “ciência do passado”, uma vez que, segundo Bloch, passado não é objeto de ciência. Ao contrário, era no jogo entre a importância do presente para a compreensão do passado e vice-e-versa que a partida era, de fato, jogada. Nessa formulação pretensamente simples estava exposto o “método regressivo”: temas do presente condicionam e delimitam o retorno, possível, ao passado. [*6]

O final do século XIX e início do século XX marcam uma época de transformações em todo mundo. A tecnologia se mostrava cada vez mais presente na vida dos seres humanos, que passavam a desfrutar dos prazeres emanados da luz elétrica e dos meios de transporte cada vez mais rápidos e eficientes. Entrávamos no que o historiador inglês Eric J. Hobsbawm chamou de “tempo das certezas”, período que vai aproximadamente dos anos 1890 a 1914. Com o Brasil não poderia ser diferente. Saíamos de um regime monárquico e entrávamos no regime republicano. Com a República, vinha uma série de promessas de que o Brasil enfim seria colocado nos trilhos do desenvolvimento. O novo século trazia consigo os anseios de parte da população brasileira, formada pela nossa elite, que veria o país se assemelhar às nações européias:

O Brasil entrava no novo século XX tão confiante como as demais nações: nada como imaginar que seria possível domesticar o futuro, prever e impedir flutuações. Sem dúvida esse é um tempo que se apostou em verdades absolutas, em normas morais rígidas, na resolução de todos os imponderáveis, e fiou-se em modelos que distinguiam, de forma insofismável, o certo e o errado. [*7]

Nos primeiros anos da República, a imprensa de Pouso Alegre comungava dos ideais positivistas de modernização defendidos durante as últimas décadas do século XIX. As notícias defendiam as novas tendências de comportamento da sociedade. E para que possamos aprofundar os significados dos fatos cotidianos da época, o trabalho com a imprensa será imprescindível, tendo em vista que Pouso Alegre possuía diversos jornais impressos. Há algum tempo, essa linha de pesquisa tornou-se crescente no campo da História por retratar um contexto e uma linguagem social vivenciada na época, sendo um órgão de influência em diversos setores da sociedade.

Trata-se de entender a imprensa como linguagem constitutiva social, que detém uma historicidade e peculiaridades próprias, e requer ser trabalhada e compreendida como tal, desvendando a cada momento, as relações imprensa/sociedade, e os movimentos de constituição e instituição do social que esta relação propõe.[*8]

Com tais procedimentos metodológicos, passaremos assim a compreender parte do processo histórico do Mercado Municipal de Pouso Alegre, que muitos ainda não conhecem por falta de uma pesquisa mais elaborada e detalhada.

A cidade de Pouso Alegre, localizada no sul de Minas Gerais, acolhia os aventureiros que desbravavam a região. Porém, a formação do povoado se deu apenas por volta de 1747, quando os primeiros habitantes se estabeleceram por lá. Com o crescimento da população e o desenvolvimento do pequeno povoado, e pela influência do Cônego José Bento Leite Ferreira de Mello, em 1831 foi elevada à categoria de vila. Alguns anos mais tarde, em 1848, a vila foi elevada à categoria de cidade.

Percebemos aqui que o processo de formação da cidade ocorreu em um curto período, e com o passar do tempo, os habitantes que ali residiam puderam sentir o que expressa Raymond Williams em sua obraO Campo e a Cidade: “[...] Adeus, ó campos, paisagens queridas/ Ó florzinhas beijadas pelo vento!/ Por vós suspiro, ó árvores banidas;/ Que pode resistir aos cercamentos?” [*9]

Do pequeno povoado que ali se formou, onde os campos e o sentimento rural prevaleciam livremente, os cercamentos foram tomando conta e a cidade aos poucos se formando. Com isso, houve a necessidade de se estabelecer um ponto destinado à comercialização de produtos alimentícios e afins. Foi com esse objetivo que, em 1893, na administração do então Presidente da Câmara Municipal, José Joaquim Vieira de Carvalho[*10] , se deu a construção do primeiro prédio do Mercado Municipal. Nossa discussão se inicia a partir desse marco, pois a construção desse espaço público ocorreu quatro anos após a Proclamação da República, onde os ideais higienistas estavam se formando, política esta que “ajudaram a promover mudanças, às vezes, substanciais tanto nos padrões de sociabilidade como nas formas de organização do espaço” [*11].

No início do século, alguns anos após a construção do prédio, o Mercado passou por uma reforma, a qual mudou todo seu aspecto estrutural. Na próxima reforma geral, na década de 70, sofreu apenas uma ampliação. Sendo assim, podemos iniciar nossa análise que se constituirá a partir de um recorte temporal entre as décadas de 40 e 70.

Nesse período, houve momentos de transformações para a cidade de Pouso Alegre, nos campos tecnológico, econômico e educacional. O crescimento da cidade provocou novas mudanças urbanísticas: “A cidade fervilha. A via pública/ onde pululam temas e discursos (Winter) / [...] tuas cidades cheias de artífices/ há comércio e alegria em cada rua; / Mesmo a labuta rude de quem talha/ As pedras no palácio, ou guia o carro/Parece alegre (Summer)”[*12] .

Com essa visão de desenvolvimento da cidade é que perceberemos os ideais e as pretensões desejadas perante o Mercado Municipal de Pouso Alegre. Na década de 40, principalmente em seu início, percebe-se ainda um ar ruralizado no município, porém com nuances de desenvolvimento.

Em 1941, o Mercado Municipal é ampliado na gestão do Prefeito Vasconcelos Costa, devido ao aumento do fluxo de comércio e de comerciantes que se instalavam naquele local. Sua ampliação se deu na direção da Rua Princesa Imperial, atualmente Avenida Duque de Caxias.

Podemos perceber o movimento ao redor do mercado e os conflitos existentes em relação ao comércio na matéria “Mais Barraquinhas”, na qual o jornal se posiciona de forma contrária ao aumento do número de barracas em torno do local:

A fim de completar um número exato de “barraquinhas” em redor do Mercado, foi instalado mais duas, agora são vinte. O passeio do Mercado já está superlotado com esse tipo de comércio que está prejudicando o comércio fixo. Enquanto que outras cidades estão sendo PROÍBIDO tanto barraquinhas como também os “camelôs”, Pouso Alegre está sendo o lugar de despejo de toda espécie de “tapeador”, uns vendendo “remédios” infalível que cura até tuberculosos, outros montando bazares. Há dias, segundo fomos informados, um garoto fraturou a perna ao desviar de uma perua, só pelo motivo de ter que andar pela rua porque os passeios estão cheios de barraquinhas. Vamos acabar com isso?[*13]

De cunho crítico, humorístico e noticioso, O Linguarudo, era um jornal que por várias vezes criticava ações de pessoas que estavam à frente da cidade ou até mesmo de famílias tradicionais que nela viviam. Nessa matéria, percebemos um tom fortemente crítico em torno da questão do comércio externo ao Mercado, ou seja, das barraquinhas, visto que atrapalhavam o comércio dos arrendatários de pontos dentro do Mercado. Ainda ressalta que em outras cidades já estariam sendo proibidos tais comércios, tendo em vista a organização do espaço. Percebe-se aí a preocupação com tal organização, muitas vezes estética e até mesmo operacional, ideais estes perdurados da República.

No ano de 1948 foi erguido, logo em frente ao Mercado Municipal, um Obelisco em comemoração ao Centenário da cidade de Pouso Alegre. Durante o final da década de 40 e o início de 50 a cidade passou por transformações urbanísticas. A Praça do Obelisco foi remodelada e o calçamento tomou o lugar do chão batido de terra. Notamos a presença de mais residências, formando-se assim o centro da cidade.

A década de 60 foi muito representativa e decisiva para uma possível construção de um novo Mercado para a cidade. Já nos primeiros anos, especificamente em 1964, o Brasil passa a ter um novo regime de governo: a Ditadura Militar. Um novo modo de pensar a política e a estrutura de uma cidade surgia, a grandiosidade das construções e obras deixava marcas daqueles que estavam à frente do governo. Na cidade de Pouso Alegre, grandes construções marcaram esse período, como o prédio do Hospital das Clínicas Samuel Libânio e o Mercado Municipal.

Ao se tratar do Mercado, sua demolição ocorre no início da década de 70. Porém, já no final da década de 60, circulavam nos órgãos de imprensa da cidade críticas e um olhar sobre a realidade do espaço naquele presente momento. A notícia “Mercado Municipal vergonha de nossa cidade” critica os administradores do município devido à precariedade do local.

Enquanto isso, o que temos? Um mercado imundo, anti-higiênico e abandonado pelos poderes públicos. Quem passa por suas imediações, sente-se mal com o cheiro nauseabundo que dalí se desprende, exalado de um mictório que a saúde pública já devia ter fechado de há muito e que não tem nenhuma serventia a não ser para contaminar e infestar seus usuários, se é que alguém o utiliza. Estamos aguardando a palavra de nossos administradores! Quando tomarão as medidas que não admitem prorrogação?[*14].

Podemos aqui notar um sentimento de insatisfação por parte dos donos do jornal. No primeiro momento, são criticados aqueles que estão à frente do governo público, pelo fato de ainda não terem aprovado nenhuma ideia ou projeto da construção de um novo local para o Mercado. Em um segundo momento, percebemos a insatisfação perante o próprio local, devido à situação deplorável na qual se encontrava. Não se exigia, apriori, a construção de um novo prédio, mas a atenção da prefeitura à limpeza e uma fiscalização mais rigorosa por parte da administração.

Já no início da década de 70, na administração do Prefeito Antônio Duarte Ribeiro [*15], o Mercado sofreu uma reforma geral, sendo totalmente reconstruído e ampliado até a Praça Dr. José Garcia Coutinho.

Nesse período foram alteradas as estruturas do Mercado Municipal. Com sua ampliação, o Obelisco do centenário da cidade foi demolido, gerando insatisfação por parte de várias pessoas na cidade. Percebemos aí uma radicalização quanto à mudança do prédio, sinais de modernização do espaço. O estilo tradicional de arquitetura cedeu lugar a um modelo mais moderno e grandioso, ficando o Mercado totalmente descaracterizado. A notícia “Mercado em Reforma” defende a remodelação do Mercado:

Consoante o anunciado em números anteriores, o Mercado Municipal, uma das vergonhas da cidade, deverá ser completamente remodelado. Tomando as primeiras providências para tal fim, o mesmo já foi transferido para o prédio dos irmãos Mariosa, antiga Fábrica Mariosa, onde funcionará provisoriamente até que as obras de remodelação estejam completas. Embora circulasse a notícia de que essa obra financiada pelo Banco do Brasil, nossa reportagem foi informada de que tal foi impossível, ficando as despesas a cargo dos cofres públicos.[*16]

A notícia, meio que duramente, já inicia denominando o prédio do “Mercado Municipal” como sendo uma das vergonhas da cidade, chamando a atenção dos governantes para que façam um serviço decente em tal remodelação. Durante o tempo da reforma, os comerciantes tiveram que se deslocar para outro estabelecimento, denominado Barracão Mariosa, localizado em uma área central da cidade de Pouso Alegre.

A inauguração do novo prédio se deu no dia 19/10/1970, na comemoração dos 122 anos da cidade de Pouso Alegre. Contou com a presença do Governador do Estado, Israel Pinheiro, do Prefeito Municipal e de autoridades locais. Na ocasião, o Sr. Prefeito assim discursou:

[...] Somos um governo da Revolução de 1964, a ela nos integramos nos seus princípios básicos, fiéis a política de integração desenvolvida pelo nosso eminente Presidente Médici. Nestes 18 meses de governo, pela segunda vez, temos a alegria de presidir as solenidades desta magna data e, como no ano anterior, quando presenteamos a cidade com uma funcional Estação Rodoviária que nos seus 10 meses de vida já carreou aos cofres municipais, mais de duzentos mil cruzeiros, também hoje, queremos dar a Pouso Alegre, nesse festivo aniversário, não um só presente, mas vários, e dentre estes, 10 escolas, 15 quilômetros de rede de água e 15 quilômetros de rede de esgoto e este funcional e modelar Mercado Municipal.[*17]

Este trecho do senhor Prefeito Antônio Duarte Ribeiro, publicado no jornal A Folha de Pouso Alegre, tem um caráter político, de engrandecer a forma de governo na Ditadura Militar, demonstrando ser fiel a tal forma de sistema. Na maneira de usar as palavras, dá-se a ideia da entrega de grandes obras, comparando a obra do Mercado Municipal com a da Estação Rodoviária, prestando conta de valores. O majestoso Mercado é uma obra modelo, funcional e modelar, dando mais conforto àqueles que ali frequentam e trabalham.

Na medida em que os ideais de progresso foram ganhando força, fez-se necessária uma organização urbana dando ordem ao meio público de acordo com as necessidades daqueles que administravam a cidade. Após as análises dos jornais percebemos que a cidade é tratada como um lugar de vida capitalista. Os jornais reforçam a necessidade do progresso e da civilização pautados primeiramente nos ideais higienistas. Neste momento histórico, a crítica é direcionada aos administradores municipais silenciando os espaços de tensões e disputas em torno do Mercado Municipal, e com o passar do tempo a imprensa ressalta de forma positiva a política militar do regime militar de 1964. As marcas do rural estão presentes na realidade social, embora a normatização e a regulamentação das memórias dominantes apontem para um lugar onde as reformulações urbanas levariam a cidade a um paraíso civilizatório das repúblicas. Este primeiro estudo nos leva a reflexão de que juntamente com as memórias hegemônicas existem outros sentidos no acontecimento histórico, outras memórias sociais que nos sensibilizam frente às relações de poder e as desigualdades sociais.

Referências bibliográficas
BLOCH, Marc. Apologia da História ou Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre incertezas e inquietudes. Porto Alegre: UFRS, 2002.
COSTA, Ângela Marques da; SCHWARCZ, Lilia Moritiz. 1890-1914: no tempo das certezas. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
CRUZ, Heloísa de Faria; PEIXOTO, Maria do Rosário da Cunha. Na oficina do historiador: Conversas sobre História e Imprensa. Projeto História: História e Imprensa, São Paulo, v. 35, ago./dez. 2007. Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2012.
FENELON, Déa Ribeiro (Org.). Muitas histórias, outras memórias. São Paulo: Olho d’Água, 2004.
KOSSOY, Boris. Os Tempos da Fotografia: o efêmero e o perpétuo. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007.
QUEIROZ, Amadeu de. Memórias: Dos 7 aos 77. São Paulo: Cupolo, 1956.
SALGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano: O tempo do liberalismo excludente – da República a Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Civilização, 2003.
WILLIAMS, Raymond. O Campo e a Cidade: Na História e na Literatura. São Paulo: Companhia de Bolso, 2011.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

40 anos do curso de História da Univás



Isso é fazer História na Univás!

Data: 09 a 12 de maio de 2012
Local: Unidade Fátima


Dia 09/05 – quarta-feira



19h - Abertura solene


19h30 – Conferência: A arte de ensinar História: acervo e memória, experiências docentes.
Prof. Dr. Robson Laverdi – Unioeste / Campus de Marechal Cândido Rondon
Pós-doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina

Currículo do conferencista
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), 1995, Mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), 1998 e Doutor em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF), 2003. Pós-Doutor pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 2009-2010. Professor Associado dos Cursos de Graduação e do Mestrado em História, Poder e Práticas Sociais, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Marechal Cândido Rondon, com ingresso 2 de fevereiro de 1997. Coordenou o Centro de Pesquisa e Documentação sobre o Oeste do Paraná nas gestões 1997-1999, 2005-2007, 2007-2009. Tem experiência na área de História, com ênfase em História social da cultura, atuando principalmente nas seguintes áreas: História e Historiografia do Oeste do Paraná, Teoria e Metodologia da História, com ênfase nas fronteiras de conhecimento entre História e Antropologia, dedicando atenção à discussão teorica e metodologica das narrativas e fontes orais. Desenvolve pesquisas relacionadas à memória, migração, identidades e alteridades, cultura e cidade, história socioambiental. Foi professor visitante na Universidad Nacional de La Patagônia San Juan Bosco (2008) e na Universidad de Buenos Aires (2008 e 2009). Foi diretor da Seção Paraná da Associação Nacional de História-ANPUH (Gestão 1998-2000). Membro associado da Associação Brasileira de História Oral (ABHO) desde 2007, tendo dirigido a Regional Sul (Gestão 2008-2010). Membro da Rede Latino-americana de História Oral (RELAHO) desde sua fundação em dezembro de 2010 (www.relaho.org)
 

Dia 10/05 – quinta-feira



14h às16h: Oficinas
1) Narrativa e memória na história oral, aportes teóricos – Prof. Dr. Robson Laverdi - Unioeste / Campus de Marechal Cândido Rondon
2) Por um ensino que deforme: Gênero e práticas pedagógicas no ensino de História – Contextualizando genêro – Prof. Varlei Rodrigo do Couto – Egresso do Curso de História da Univás

19h – Mesa-redonda: Experiências educacionais e pesquisa

Expositores:
Prof. Denilson Vieira de Souza (Rede Estadual e Particular)
Prof. Alexandre Lopes Costa (Analista Educacional - Superintendência Regional de Ensino de Pouso Alegre - PIP/EF)
Prof. Álvaro Nonato Franco Ribeiro (Rede Municipal)
Historiadora Alessandra Mara Rosa de Mello (Consultoria Histórica)


20h30 – Homenagem aos egressos



21h30 – Coffe-Break

Dia 11/05 – sexta-feira




19h – Apresentação dos Grupos de Pesquisa do Curso de História / Univás
NEAB (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro) – Profa. Ms. Elizabete Maria Espíndola
NEU (Núcleo de Estudos Urbano) – Prof. Ms. Alexandre Andrade de Carvalho

20h – Tradicional Macarronada (Adesão)

Dia 12/05 - sábado



12h – Encontro de Egressos e Acadêmicos (Adesão)


FICHA DE INSCRIÇÃO
XIII Semana de História – 40 anos do curso de História da Univás
De 09 a 12 de maio de 2012
Local: Unidade Fátima
NOME:
ENDEREÇO:
CIDADE:                                     ESTADO:
TELEFONE: (   )                         CELULAR: (    )
E-MAIL:
OFICINA:
(    ) Narrativa e memória na história oral, aportes teóricos – Prof. Dr. Robson Laverdi - Unioeste / Campus de Marechal Cândido Rondon

(    ) Por um ensino que deforme: Gênero e práticas pedagógicas no ensino de História – Contextualizando gênero– Prof. Varlei Rodrigo do Couto – Egresso do Curso de História da Univás

Valores das Inscrições:
Ouvinte com oficinas e macarronada: R$25,00
Dados para depósito:
Banco Itaú:
Agência: 2357
Conta poupança: 04540-6 / 500
Andrea Silva Domingues

Observação: a ficha de inscrição deve ser enviada ao e-mail andrea.domingues@gmail.com juntamente com a cópia do comprovante de depósito.
As vagas das oficinas são limitadas aos 30 primeiros inscritos.

domingo, 15 de abril de 2012

Charge na sala de aula


Robson Machado
            
A análise de charges foi proposta na disciplina de Prática de Ensino com o objetivo de auxiliar os discentes na produção do trabalho científico e promover interação com objeto a ser trabalhando em sala de aula em uma futura prática docente. Compreendo que o diálogo com a fonte e a compreensão das inúmeras possibilidades de trabalho existentes a partir da figura é essencial para uma boa interação entre aluno, professor e conteúdo discutido.

A charge deve ser considerada um recurso que integre, ou seja, que faça parte da aula, sendo utilizado como ponto de partida para reflexão e debate. E não somente como mera fonte de ilustração. Além disso, segundo Eduardo França Paiva, oferece oportunidade de se estabelecer uma multiplicidade entre as disciplinas e conteúdos.

A charge acima foi produzida em um momento histórico conturbado. Criada na Argentina durante os anos em que a América Latina enfrentava duras ditaduras e o mundo era assolado pela medonha e incerta Guerra Fria. Nesse cenário de guerras, revoluções, golpes e resistência político-social foi criada Mafalda, personagem principal dos quadrinhos trabalhados.

No primeiro quadrinho adverte seu amigo, Felipe, sobre o noticiário. O assunto era guerra e descobertas espaciais. Fica evidente a disputa pelas descobertas aeroespaciais (corrida espacial) promovida pelos antagonismos ideológicos durante a Guerra Fria. Menciona-se também a ação dos marines (Fuzileiros Navais dos Estados Unidos) que naquele contexto se faziam presentes em todo o mundo.

No terceiro quadrinho faz-se uma explanação sobre a conjuntura mundial. Apresenta os conflitos, guerra do Vietnã, que foi um conflito indireto entre as duas potências e direto entre duas ideologias. De um lado os capitalistas e de outro os socialistas. A questão nuclear – que foi o grande assombro daquele momento.

Por fim encerra, como sempre, com um ar irônico e sarcástico que caracterizam muitas das charges de Quino. Essa era a maneira de fazer protesto e crítica as condições vividas naquele momento histórico.


*Trabalho desenvolvido na disciplina de Prática de Ensino em História sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.

Políticas higienistas no Rio de Janeiro



Robson Machado 
          
A charge acima é uma representação do episódio conhecido na história do Brasil como as políticas higienistas no Rio de Janeiro. Para a compreendermos se faz necessário adquirir conhecimento prévio sobre a sublevação popular desencadeada a partir da atitude autoritária do Governo Federal, representado pelo presidente Rodrigues Alves, em parceria com a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro que tinha como gestor o político e engenheiro Pereira Passos.

Alves, inspirado pelo modelo francês, decide reestruturar com o objetivo de modernizar a cidade do Rio de Janeiro, então capital federal. Sua ânsia por tal empreendimento, juntamente com a política sanitarista da época posta em prática pelo médico bacteriologista, Oswaldo Cruz, vieram a acarretar nos acontecimentos históricos conhecidos como Revolta da Vacina e “bota abaixo”.

A imagem utiliza da cabeça humana como representação de um espaço urbano ocupado por pessoas marginalizadas. Percebe-se que a cabeça ilustra o morro. A expressão facial não é das mais agradáveis, pois representa a insatisfação popular perante a política adotada. Pessoas caem por todo lado, são retiradas à pente fino, literalmente, pelo projeto posto em cena por Oswaldo Cruz. Os sujeitos são expulsos de seu ambiente como se fossem piolhos indesejáveis. E como sabemos, ou o piolho pula fora do pente e vai embora, ou é macetado. No caso, macetado pela máquina pública.  Isso se torna notório, pois as pessoas que caem dos cabelos são pisoteadas por Cruz.

Ao lado dos que são macetados pelos pés do higienista estão o que aparentemente são rebeldes. Revoltosos com os braços ao alto que se manifestam contra a ação de retirá-los de seu local de moradia.

Na mão esquerda de Cruz é possível notar uma seringa. Essa representação ajuda a refletir sobre o que era usado como pretexto para atingir um objetivo notoriamente impopular entre a classe desfavorecida. Utilizava-se de um discurso protetor, paternalista e sanitarista para promover uma limpa no centro da capital.


*Trabalho desenvolvido na disciplina de Prática de Ensino em História sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.

A Revolta da Vacina


Jeferson Tadeu Martins

A imagem acima esta representando a Revolta da Vacina ocorrida no Rio de Janeiro. Percebemos na imagem claramente um conflito. Temos a caricatura de um confronto armado. De um lado soldados, Oswaldo Cruz e Pereira Passos; com vacinas como armas e servindo de montaria. E a população mais pobre defendendo-se como podia: com diversos tipos de utensílios domésticos, como vassouras, panelas e garfos.

São muitos os interesses envolvidos na Revolta da Vacina. As autoridades viam a população pobre com muito escrúpulo, subjulgando-a e tratando-a como bem queriam. Foi um pouco disso que se viu neste acontecimento. O governo tinha como intenção limpar a cidade já que considerava esta população como causa de muitos problemas e de uma imagem negativa da cidade do Rio de Janeiro.

Porém parte da população não aceitou de maneira passiva todos aqueles acontecimentos e investidas contra ela. Viam aquele tipo de política pública como uma invasão de privacidade, já que quem não se vacinasse sofreria uma série de restrições. E isso está muito bem retratado na imagem, pessoas protestando, e em evidente confronto com aqueles que representavam a força opressora.

Algo que merece destaque nesta revolta e principalmente nesta imagem é o caráter contestador de parte da população. Não aceitaram aquelas decisões das quais nem foram consultados e que alteravam diversos direitos que tinham perante a sociedade. Não aceitando se organizaram, manifestaram e partiram inclusive para o confronto direto. Vale lembrar que dentro desta revolta temos muitas outras reivindicações e manifestações populares que se incorporaram a ela. Debruçarmos-nos sobre esta imagem e o estudo desta revolta resgata diversas memórias de contestação e manifestação da sociedade brasileira, que muitas vezes é deixada em segundo plano.

*Trabalho desenvolvido na disciplina de Prática de Ensino em História sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Sabores do Mercado Municipal de Pouso Alegre (1893-2009)

Semana das Licenciaturas - Cultura e memória
Alunos do III período de História
Professora responsável: Ana Eugênia Nunes de Andrade
Pouso Alegre/ 2009

Objetivo geral
Apresentar aos professores e alunos dos cursos de licenciaturas da Unidade Fátima da Universidade do Vale do Sapucaí, as ricas e variadas práticas culinárias do Mercado Municipal de Pouso Alegre através das memórias de cada sujeito social que convive neste local de trabalho tecendo assim, redes e táticas de convívio próprio.

Justificativa
Conhecer através da História Oral a trajetória de vida dos comerciantes de produtos típicos do sul de Minas (queijo, doce, pastel e tira-gosto) do Mercado Municipal de Pouso Alegre para compreender suas histórias sociais e culturais.

Metodologia
A sala foi dividida em quatro grupos para a realização do trabalho de campo, que pesquisaram as seguintes práticas culinárias: queijo, doce, pastel e tira-gosto.Todos os grupos fizeram entrevistas (histórias de vida) com os comerciantes e consumidores do mercado para identificar o valor cultural e social do local. Além de pesquisa em acervos públicos e particulares, jornais, sites oficiais.

Túnel do tempo
  •  Inauguração em 10 de Julho de 1893
  •  A construção original era dotada de um corpo central, dividido em compartimentos e dois lances laterais, o comércio de hortaliças, frutas, aves e carnes era feito em toda a extensão da calçada, em frente da residência do cel. Julião Meyer, de um lado, e por outro lado com dona Maria do Carmo Silveira e outros.
  • O largo era fechado na sua extremidade, nos fundos do Mercado, por casas de comércio, com saída para a Rua da Princesa Imperial (Adalberto Ferraz e Cel. Otávio Meyer). Uma rua estreita - atual Av. Duque de Caxias - continuava em direção ao bairro do Rosário.
  • No local foram plantadas algumas árvores de grande porte, e sob suas imensas copas ficavam os carros de boi, sem as suas respectivas juntas, ou carroças carregadas de produtos destinados à venda.
  • No começo do século o Mercado sofreu reforma ganhando nova fachada, janelas com arcos, destacando-se a porta de entrada, com escadaria e elevando-se como uma torre.
  • Nos finais de semana o Mercado era ponto de encontro dos negociantes e compradores
  • O intenso movimento de carroças e carros de boi, pertencentes a sitiantes que ali vinham expor os seus produtos, tais como, queijos, rapaduras, farinha de mandioca e de milho, fubá, toucinho. Além de gêneros alimentícios e carnes. Nos fundos vendiam-se, pendurados em varais, frangos vivos ou peixes  frescos do rios Mandu e Sapucaí. Ao redor do Mercado ficavam os carrinhos de mão, feitos de caixotes, dirigidos por moleques que faziam o transporte das compras até as residências, ao preço de 400 réis. Contratado pelos fregueses, o moleque os acompanhava pelo Mercado carregando a cesta de vime, que ficava abarrotada de hortaliças, frutas e cereais. As compras eram feitas, geralmente, por donas de casa, que dedicavam o sábado para fazer as provisões do lar necessárias para toda a semana.
  • Em 1941, o Mercado Municipal foi ampliado e melhorado pelo prefeito Vasconcelos Costa.
  • Em 1970, na administração do prefeito Antônio Duarte Ribeiro, o Mercado sofreu uma reforma geral, sendo quase todo reconstruído e ampliado até a Praça Dr. José Garcia Coutinho, tornando-se mais amplo, como o conhecemos atualmente.
  • O local passou por quatro grandes reformas, nos anos de 50, 60,70 e a última em 2004. Ao redor do Mercado ficavam os carrinhos de mão, feitos de caixotes, dirigidos por moleques que faziam o transporte das compras até as residências, ao preço de 400 réis.
  • O Mercado servia também como ponto de encontro de amigas e comadres, que aproveitavam a oportunidade para uma breve conversa ou fofoca.
  • Eram muito apreciados os pasteis de farinha de milho e o arroz doce, vendidos nas bancas, assim como a garapa de cana-de-açúcar, que era moída na hora. As crianças se deliciavam com as bolachas, em forma de bichinhos, vendidas pelo Miguelão.

Jornal O imparcial

Meninas que perambulam pelo mercado público
“Chamamos a atenção do Sr. Delegado de polícia, para que coíba a exploração de que está sendo vítima o povo, sob garras manhosas dessas almas ingênuas, e futuras extraviadas. Sim, porque os pais muitas das vezes aproveitam oportunidades, ficando em suas casas, enquanto seus filhos e filhas sujos, de mãos estendidas vão pedindo esmola pelo amor de Deus.  Este fato sempre se registra em mercado público. Recomendamos as autoridades a agir com muita prudência”.

Fontes orais
  • As sete entrevistas foram realizadas nos meses de fevereiro e março de 2009.

Ednaldo dos Santos Mendes, comerciante


  



















Fui criado aqui dentro à vida inteira. A gente faz aqui vários tira-gostos, faz torresmo, chouriço, pé de porco, joellho, costela de boi, peixe frito. O mercadão melhorou muito, principalmente, depois da última reforma que teve aqui, melhorou muito para gente, ficou campeão. A barraca era mais rústica, hoje ela está bem acabada, a cozinha, por exemplo, a mesa hoje é tudo de ardósia, é mais higiênico, também mais fácil para gente trabalhar.

Reginaldo Guimarães do Couto , comerciante




















Frequentava muito o mercado e se divertia muito, pois, seu avô e depois seu pai tinham um pastelaria, e que hoje é de sua propriedade. Estou satisfeito com seu negócio, (é daqui que tiro todo meu sustento e de minha família), e que futuramente quer deixar para seus filhos.

José Gervásio Pereira, comerciante

















Nasci no bairro dos Afonsos, bairro rural, minha infância foi estudar, engraxar sapatos, vendi picolé, aí vim para o mercado em 1962 e daqui carregava compras no mercado. Aqui no bar agente tem 4 tipos de tira-gosto , peixe frito é o preferido, a carne de porco, o chouriço  carne de vaca na panela  e a carne de porco assada . No final de semana, a gente faz espetinho de carne de porco e carne de vaca, sexta sábado e domingo.

Alexandre de Araújo, diretor do Museu Tuany Toledo






















O Mercado Municipal que eu conheci no meu tempo de criança foi demolido pelo vice-prefeito Antonio Ribeiro. No mercado era vendido todo gênero, arroz, feijão, manteiga, banha, carne, tinha açougue, e os produtores vinham da roça com seus produtos. Vinham carros de boi, os carros de boi, ficavam de fronte ao mercado, vendendo rapadura, os carretos dormiam dentro do carro de boi... Nessa época, do Mercado nos meus 8 ou 10 anos, eu tinha um carrinho, desses de duas rodas, de fazer compras, de sociedade era eu e o Augusto Ribeiro, que tinha minha idade também. Então eu chegava ao Mercado, tinha a senhora lá carregada de compra. Eu pegava os pacotes, punha a compra no carrinho e levava a compra na casa dela. Em troca de 500 réis, 600 réis. Como disse pra você, o Mercado que eu conheci talvez tenha sido construído na gestão do Otávio Meyer, 1910/12. Em 1941, Antonio Ribeiro que substituiu Jorge Anderi demoliu o Mercado do meu tempo de criança e construiu o atual, que tem uma leve transformação executada pelo Enéas Chiarini. Mas o Antonio Ribeiro demoliu o Mercado e fez o atual. E defronte ao Mercado tinha um obelisco comemorativo ao centenário da cidade, como ele demoliu o mercado, não sei como, aumentou o mercado dez, quinze, metros pra frente tiveram que demolir o obelisco. Desapareceu. Tem a fotografia no museu.

José Benedito Machado, representante comercial

















Assim que cheguei a Pouso Alegre, em 1975, para evitar “vagabundice”, já trabalhava de balconista, no mercado com meu tio Geraldo. A gente vendia: suco de morango, feijão, arroz, cebola, derivados do leite, queijo...Há 34 anos o Mercado Municipal era o ponto turístico de Pouso Alegre. Todo pessoal que vinha de São Paulo Capital, São Paulo Interior, primeiro local visitado era o Mercadão Municipal, pra comprar alguma coisa, comprar um queijo mineiro e também tomar uma gelada. Nesta época não tinha vendedor. Tinha que pegar uma Kombi e fazer compra em São Paulo. Então iam, 3, 4, 5 donos das bancas, íamos num carro só, num caminhãozinho só para fazer compra, com  azeitona.  Eu mesmo cheguei a ir para São Paulo fazer compra, pegava a Fernão Dias, era uma pista só na época, saía de lá 8 horas da noite, aí no outro dia de madrugadinha, descarregava aqui no mercado... Hoje muita coisa mudou, na época, na banca que eu trabalhava, por exemplo, não tinha nenhuma proteção, laje, assim, pra proteger do calor, era abafado para caramba. As bancas não tinham proteção com relação ao calor. E o fechamento dela era tudo com uma cortina de pano, era diferente... O piso também era vermelhão, era diferente de hoje. O queijo vinha do Espírito Santo do Dourado, tinha a fama de um queijo bom e os doces de Santa Rita de Caldas. O transporte principal eram as charretes, tinha umas 30 ali perto do mercado. O movimento era mais de caminhão que descarregava.

Eliane, comerciante

É natural de Caldas, casada com o senhor João, natural de Heliodora. Trabalham nesse ramo há 20 anos. Tudo começou porque seu marido estava desempregado e sem outra forma de renda, os dois começaram a revender queijos que o pai dela fazia. Eles trabalhavam de casa em casa, nas feiras e em beiras de estrada. Certo dia um amigo da família também de Caldas lhe deu a idéia de revender seus doces, começaram com duas caixas somente para teste, o negócio cresceu e hoje tem uma grande barraca. Ela nos conta que eles estão no local há 10 anos e já possuem uma clientela fiel, seus doces vão para vários estados levados pelos turistas. Ela nos garante que mesmo com a concorrência eles tiram todo o seu sustento dali “os doces são terceirizados, mas mesmo assim, a barraca é muito lucrativa. Ela se orgulha de sua barraca e de sua profissão, pois é dali que sai o sustento de seus dois filhos, ela diz ser uma pessoa muito feliz.

Antonio César Tireli, administrador do mercado

70% dos boxes do mercado são de alimentação e que passa pelo mercado 4.000 pessoas por semana. Os comerciantes pagam para a Prefeitura uma taxa, mais que o valor desta taxa varia com o tamanho do box. Há um grande projeto sendo estudado pela Secretaria Municipal de Turismo para uma reforma do mercado. A prefeitura está contratando o arquiteto que reformou o mercadão da cidade de São Paulo, e que está quer trazer de volta traços da originalidade do antigo mercado construído em 1893. Frequentava muito o mercado e se divertia muito, pois, seu avô e depois seu pai tinham um pastelaria, e que hoje é de sua propriedade.


* Trabalho elaborado pelos acadêmicos de história para a Semana das Licenciaturas da Univás sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.