segunda-feira, 28 de maio de 2012

Acadêmicos do Curso de História apresentam e publicam pesquisas no I Encontro de Pesquisa em História da UFMG

Isso é fazer História na Univás!

Acadêmicos do curso de História da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) estiveram reunidos entre os dias 23 a 25 de maio, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para participar do I Encontro de Pesquisa em História. O evento foi organizado pelos alunos do Programa de Pós-graduação em História da UFMG.

A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Fernando Novais, no auditório Sônia Viegas, em Belo Horizonte (MG).

O I Encontro de Pesquisa em História da UFMG teve como principal objetivo promover um diálogo aberto e democrático entre os alunos de pós-graduação e de graduação em História e áreas afins. A intenção de realizar o evento surgiu a partir da consciência das limitações do espaço dedicado aos debates entre jovens pesquisadores em muitos grandes eventos. "Foi proposto um encontro feito por e para estudantes, voltado essencialmente para a troca de experiências, informações, inquietações, o que, acreditamos, muito pode contribuir para a atividade por vezes tão solitária que é a pesquisa", comentou a coordenadora do curso de História da Univás, professora Andrea Silva Domingues.

O Encontro foi estruturado em torno de cinco simpósios temáticos, selecionados a partir de propostas enviadas por alunos do Programa de Pós-Graduação em História da UFMG, cujas temáticas foram abrangentes e capazes de propiciar diálogos efetivos entre os diferentes trabalhos. A modalidade principal de participação, aberta a pesquisadores com a titulação mínima de graduados e qualquer filiação institucional foi a de comunicações, com espaço para debate. Houve, ainda, sessões de apresentação de painéis de projetos de pesquisa de alunos de graduação.

De acordo com a coordenadora do curso de História da Univás, orientadora de diferentes projetos de pesquisas do Sul de Minas Gerais, Andrea Domingues, "não poderia deixar de incentivar nossos alunos a participarem deste evento, pois foi uma oportunidade de mostrarmos que a Univás na área de História produz pesquisas acadêmicas de qualidade, o nosso curso teve sua presença registradas com diferentes pesquisas realizadas pelos acadêmicos", disse.

Confira os projetos do curso de História da Univás apresentados no I Encontro de Pesquisa em História da UFMG:

1 - Memórias, vestígios e trajetórias que compõem a história de famílias cativas em Conceição dos Ouros Sul de Minas Gerais.
Aluna: Viviane Tamíris Pereira;
Orientadora: Elizabete Maria Espíndola.

2 - Histórias e Memórias: Os Carreiros em Pouso Alegre - MG
Aluna: Juliano de Melo Gregório;
Orientadora: Ana Eugênia Nunes de Andrade

3 - Experiências e Memória: Outros olhares para o festejo de Nossa Senhora do Carmo em Borda da Mata - MG
Aluno: Cleyton Antonio da Costa;
Orientadora: Andrea Silva Domingues.

4 - O Clube 28 de Setembro em Pouso Alegre: sociabilidade e resistência da cultura afrodescendente
Aluno: Jonatas Roque Ribeiro;
Orientadora: Elizabete Maria Espíndola.

Por Lucas Silveira
Ascom/Fuvs

sábado, 26 de maio de 2012

Mudança de nome


Pouso no passado

Praça Senador José Bento 
Avenida Duque de Caxias
Praça Senador José Bento
Sindicato Rural de Pouso Alegre
JK  em Pouso Alegre

quinta-feira, 24 de maio de 2012

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Egresso e professora do curso de História da Univás recebem Prêmio Nacional de Pesquisa

Varlei Rodrigo e a ministra de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci 





Isso é fazer História na Univás!

O egresso do curso de História da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), Varlei Rodrigo Couto e sua professora orientadora, Elizabete Maria Espíndola, foram premiados na categoria graduado, do 7º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, pelos trabalhos produzidos em redações, artigos científicos e iniciativas sobre relações de gênero, mulheres e feminismos. O evento aconteceu no auditório da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, em Brasília (DF), no dia 17 de maio. O trabalho apresentado pelo ex-acadêmico da Univás foi "A cidade e as mariposas: A formação do imaginário social em torno da prostituição feminina em Pouso Alegre - MG (1969-1989)".

Varlei Rodrigo, natural de Borda da Mata (MG), recebeu uma bolsa de auxilio financeiro para o mestrado do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (CNPq), do Ministério da Educação (MEC) para financiar sua pesquisa, além de uma publicação do artigo no livro editado pelo evento. "Importante ressaltarmos que a Univás foi a única Universidade particular agraciada pelo prêmio desta categoria no Brasil e o egresso Varlei fez uso da tribuna para o discurso em nome de todos premiados", comenta a coordenadora do curso de História da Univás, professora Andrea Silva Domingues.

A sétima edição do concurso recebeu 3.965 inscrições, sendo 203 de estudantes de graduação; 218 de graduadas e graduados, especialistas e estudantes de mestrado; 122 de mestres e estudantes de doutorado; 3.376 de estudantes do ensino médio, e 46 de escolas promotoras da igualdade de gênero. A cerimônia foi conduzida pela ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, e demais representantes das instituições realizadoras do concurso: do CNPq/MCTI; do MEC e da Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com a coordenadora do curso de História da Univás, professora Andrea Domingues, esta premiação é de grande relevância para as pesquisas e para a história do sul de Minas Gerais. "Fazer História na Univás é ter a oportunidade de avançar nas diferentes áreas do saber e da profissão. É contribuir com a sociedade e com a história de nosso país. Parabenizamos esta grande conquista do nosso egresso Varlei Rodrigo e da professora Elizabete Espíndola", disse.

Em Brasília, o egresso do curso de História da Univás, Varlei Rodrigo representou os premiados na tribuna. Abaixo o discurso na íntegra.

"Nós, premiados e premiadas nas categorias de Ensino Superior, agradecemos imensamente às instituições organizadoras do Prêmio 'Construindo a Igualdade de Gênero' pela iniciativa e incentivo aos/às pesquisadores/as em Gênero.

Reconhecemos que este prêmio é de extrema importância para o nosso campo de pesquisa, mas é apenas uma pequena parte das políticas públicas para mulheres que devem ser efetivadas. Precisamos exigir que nossas pesquisas não fiquem apenas no ambiente acadêmico e que se revertam em práticas para uma verdadeira construção de igualdade de gênero.

Receber um prêmio como este é importante e um marco em nossas vidas pessoais e profissionais. Porém, é importante frisar que se precisamos que um prêmio como este exista, um prêmio que incentiva a reflexão sobre a construção da igualdade de gênero, é porque em nossa sociedade ainda não existe plenamente essa igualdade. Devemos ressaltar a presença da mulher no espaço público, masculino, tendo o seu máximo em nosso país com a eleição da presidente Dilma.

No entanto, isso não significa que agora temos uma sociedade plenamente de direitos iguais entre os gêneros. Não, nossa sociedade é extremamente machista ainda, e o machismo é um mal que destrói não só as mulheres, mas também os homens, os quais hoje estão em crise e precisam também de políticas públicas específicas. Temos importantes medidas, como por exemplo, a política nacional de atenção integral à saúde do homem, mas ainda temos um longo caminho a percorrer e o empenho e dedicação de cada um de nós, como pesquisadores e cidadãos deve ser diário.

A violência doméstica ainda é um grave problema em nosso país, onde de acordo com uma pesquisa feita pela Sociedade de Vitimologia Internacional, chega a 25% o número de mulheres no país que sofrem violência e 70% das mulheres assassinadas vítimas dos próprios maridos, companheiros, ou algum homem com quem tiveram um relacionamento. A lei Maria da Penha é um passo muito importante, mas devemos fiscalizar sua devida aplicação e nesse sentido gostaríamos de ressaltar a importância da CPI que investiga a violência contra mulher.

Queremos ressaltar, ainda, que hoje, 17 de maio, é uma data muito importante para nós. É o dia Internacional de combate a Homofobia, Lesbofobia, Transfobia. Com isso, destacamos que nossas ações como pesquisadores/as não se restringem às mulheres e tentamos dar amplitude às complexas questões de gênero. Nossas ações visam, sobretudo, o combate a quaisquer desigualdades entre os gêneros.

Visam, sem dúvidas, dar visibilidade à esta temática e dizer que os estudos de gênero não é algo menor. Uma inverdade que as edições desse prêmio têm combatido, culminando com uma premiação como esta, com toda a reverência que merece para se impor no meio da Ciência com a importância e o respeito que deve ser.

Finalizamos com uma linda frase de Simone de Beauvoir que nos toca profundamente: "Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância".

O discurso do egresso da Univás também pode ser acompanhado pela rede mundial de computadores, pelo Youtube :http://www.youtube.com/watch?v=VxNq3MllDHo&feature=relmfu

Por Lucas Silveira
Ascom/Fuvs

domingo, 20 de maio de 2012

Curso de História da Univás visita o MHMTT

Acadêmicos do 1º período de História durante à visita 

Isso é fazer História na Univás!

Ao encerrar a 10ª Semana Nacional dos Museus, o MHMTT recebeu no último sábado, dia 19 de maio, a visita dos alunos do 1° período do Curso de História da Univás, sendo esta uma iniciativa da professora Maria Lúcia Saponara.

Em um primeiro momento, os alunos ocuparam o “Plenarinho” da Câmara Municipal de Pouso Alegre, onde foi exibida uma apresentação de slides discutindo assuntos como a importância da memória e pesquisa, em conjunto com uma rápida visão sobre o Museu Histórico Municipal.

Em seguida, os acadêmicos realizaram uma visita monitorada nas dependências do Museu, tomando contato com objetos e documentos.

O Museu Histórico se encontra aberto a pesquisadores que desejem consultar seu acervo, de segunda a quinta feira das 12h às 18 h, e sexta feira das 8h às 14h.

* Fonte: Museu Histórico Municipal Tuany Toledo

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Pouso no passado

Praça Senador José Bento

Praça Senador José Bento

Praça Senador José Bento

Praça Senador José Bento

Praça Senador José Bento

Catedral Metropolitana de Pouso Alegre

Praça Senador José Bento

8º RAM - Pouso Alegre
Praça Senador José Bento

Praça Senador José Bento

Praça Senador José Bento

Praça Senador José Bento

Praça Senador José Bento

Praça Senador José Bento

Praça Senador José Bento

Rio Mandu

Santa Casa e Capela do Menino Jesus

Vista parcial de Pouso Alegre

Rua Comendador José Garcia

Vista parcial de Pouso Alegre

Rua Afonso Pena - Pouso Alegre

Os significados das comemorações dos 500 anos do Brasil

Alexandre Lopes Costa
   
As comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil foram bastante conturbadas, houve muitos desencontros entre governante e grande parte da sociedade, a superprodução, a desorganização de agendas, gastos excessivos, descumprimento de protocolos, entre outros problemas que vamos analisar ao longo do artigo, foram os motivos de tais desentendimentos, o fato é que ficou uma interrogação na cabeça, com tantos problemas e a maioria da sociedade sendo deixada de lado, a programação por sua vez não foi cumprida, e houve muitos protestos na data, mostrando a realidade do país, os fatos repercutiram fortemente no exterior, passamos então a questionar, mesmo após 500 anos, será mesmo que temos motivos para comemorar?

Neste artigo pretendo mostrar os diferentes olhares através da mídia e da imprensa dos principais fatos que marcaram as comemorações dos 500 anos do Brasil, a programação dos festejos, a efervescência nas comemorações, os protestos e conflitos que ocorreram ao decorrer da programação do evento.

Todos os canais de comunicação estavam voltados a um só acontecimento, na semana do dia 22 de abril de 2000, a festa de comemoração dos 500 anos, os festejos foi um verdadeiro fiasco, que retratou sem intenção proposital, a real desordem e progresso em que vivemos.

O brasileiro é conhecido como um povo pacifico, a fantástica mistura de três etnias: índios, brancos e negros, um povo ordeiro e sem preconceitos, engana-se quem ainda pensa assim, hoje vivemos um momento de contestação desses estereótipos, que perduraram durante séculos. É possível observar essas mudanças através da comemoração do V Centenário do “Descobrimento” do Brasil. Até mesmo a palavra “Descobrimento’ já não esta mais sendo usada em alguns livros didáticos devemos rever alguns conceitos de nossa história e fazer uma longa reflexão.


A começar com os protestos dos verdadeiros donos da festa, os índios xavantes e mehinaku, que entregaram uma carta de protesto a Fernando Henrique Cardoso (PSDB), presidente da República, dizendo: “não estamos comemorando nada”, “esta não é nossa comemoração”.

Comemorar do latim significa = “lembrar em conjunto”, comemoração e identidade estão intimamente ligados. Nesse sentido a memória e o esquecimento caminham juntos na construção de uma identidade. “Reconstruções do passado que revelam a sociedade que comemora, comportando discursos e contra discursos tornando as comemorações objetos criativos de reflexão histórica” (MATOS: 2000.p. 329 – 331).

A carta afirmava que "o povo brasileiro não conhece o povo indígena". Termina afirmando que os índios estavam ali com o objetivo de realizar "um ritual de passagem para transformar este lugar num país onde nosso povo possa viver".


Ainda em Porto Seguro, na Bahia, houve repressão aos protestos e 141 pessoas foram detidas entre elas jornalistas índios e civis que estavam sem intenção quaisquer nem resistência ofereceram.  No dia seguinte o presidente da FUNAI pediu demissão, dizendo que as autoridades tinham “temor ao povo” Uma manifestação pacífica não poderia acabar de tal forma mostrando se revoltado com a repressão.

A mídia televisiva fez proveito do acontecimento criando projetos como o da Rede Globo Brasil 500 entre outros, com shows e programas especiais, alguns jornais impressos divergiram em algumas idéias, uns davam foco a comemoração, aos acontecimentos, sem mostrar a realidade dos fatos, outros a uma reconstrução da realidade.


Outro acontecimento que marcou foi à demissão do Ministro dos Esportes e Turismo, que por sua vez fez denuncia de irregularidades, e falou sobre o uso mal feito de recursos e gastos excessivos e acabou tendo seu próprio partido contra si próprio.

A repercussão internacional foi imediata, de forma bastante negativa para a imagem do Brasil, a repressão, a corrupção, a desorganização das comemorações ganharam capa de jornais no mundo, em alguns casos até exageradamente como os jornais, El Pais e The New York Times, que focaram a violência. “Os índios aproveitaram celebração para denunciar a violência que é submetida”.

Uma série de gafes marcou os eventos, a presença de pouquíssimas pessoas a Missa dos 500 anos, a Igreja Católica se posicionou pedindo perdão aos índios e negros, uma atitude inédita, mas que se minimizou com o discurso de um índio Pataxó que chegou a causar mal estar ao perguntar aos presentes se não se envergonhavam do tratamento dado aos povos indígenas durante esses séculos, o índio foi bastante aplaudido.


A construção da polêmica e cara Nau da Capitania uma réplica que Cabral usou para chegar ao Brasil, feita especialmente para as comemorações custou uma fortuna, mas acabou não funcionando, e se tornou um símbolo do fracasso da festa.

Ao observar a apresentação desse trabalho pude perceber que a comemoração foi um acontecimento que se construiu por aquilo que o governo queria fazer e tentou realizar, e desconstruído por acontecimentos e pela intervenção dos sujeitos sociais.

Em minha opinião os acontecimentos, foram importantes para levantar questões e mostrar para o povo brasileiro que temos que rever e refletir. Existe muita coisa errada no nosso país, antes de comemorar da forma com que se pensa e festejar, devemos mudar e lutar sim, para a criação de uma identidade que é de suma importância para uma nação, a reivindicação dos direitos da maioria do povo, o uso do poder de nossos representantes deixa a desejar, a nossa República e nossa democracia não funcionam, somos enganados pelo direito de voto.  E nós brasileiros temos o direito de protestar de buscar pela melhoria pela mudança, e principalmente, por justiça sem sermos reprimidos, e abafados.

Devemos escrever a História e mostrar para as futuras gerações como ela realmente é, com o propósito de levantar questionamentos e discussões que possam surtir efeitos de mudanças no comportamento, na atitude do povo, e no ensino da História não como uma matéria “decoreba”, mais reflexiva onde a realidade, muitas vezes, passa despercebida aos olhares da maioria, devido à força dos meios de comunicação e do poder dos governantes que para seu beneficio próprio e sua própria imagem tenta esconder ou camuflar a realidade.

Referências Bibliográficas:

MATOS, Maria Exibida Santos de. Comemorar, Celebrar e Refletir: Sentidos da Comemoração, São Paulo VI, M.20 P329 -331, Abril, 2000

Público em missa é menor que esperado, FOLHA DE SÃO PAULO, São Paulo 27 Abril 2000.

LARA, Silvia Monteiro de Castro.  Produzida no âmbito da Pesquisa “Imagens do Brasil” no GRIS - versão reelaborada da monografia por Renato Guimarães de Souza, e Ricardo Fábio Mendonça.

 * Artigo produzido para a disciplina de Estágio Supervisionado sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.

“É Proibido Proibir!”: as canções de protesto no contexto da ditadura militar


Ana Rosa Oliveira Reis
Frederico César Gonçalves Fernandes
Justo Tadeu de Paiva
Rodrigo Franco Vilhena

“Você me corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto”.
Pesadelo – M. Tapajós e Paulo C. Pinheiro

A música é um dos tipos de arte mais presentes no dia-a-dia das pessoas, um meio de comunicação e de manifestação cultural popular que cotidianamente produzido, aproxima o indivíduo das relações sociais vigentes, permitindo através de sua audição e análise uma maior compreensão do cotidiano, e das realidades que o cerca, pois como nos alude Napolitano: “A música é a interprete de dilemas nacionais e veículo de utopias sociais; canta o futebol, o amor, a dor, um cantinho e o violão” .

Desde a década de 70 quando o ensino passa por uma série de transformações pedagógicas e as necessidades e possibilidades de se diversificar o ensino tornando-o mais dinâmico e inclusivo é algo evidente, em diferentes áreas do saber, mas, sobretudo no âmbito da História “a música tem se tornado objeto de pesquisa de historiadores [...] e sido utilizada como material didático com certa freqüência nas aulas de História” .

Conforme nos mostram os PCN’s, a música é uma importante fonte e recurso para se conhecer e trabalhar a história, no sentido de que “sempre esteve associada às tradições e às culturas de cada época”, portanto carregada de historicidade. Além do mais, ela expressa em si, a diversidade de pensamentos, o que possibilita através do seu contato o desenvolvimento de competências ligadas à leitura e interpretação de textos, além da formação do censo crítico e socialmente consciente do aluno:

Abre-se aí um campo fértil às realizações interdisciplinares, articulando os conhecimentos de História com aqueles referentes à Língua Portuguesa, à Literatura, à Música e a todas as Artes, em geral. Na perspectiva da educação geral e básica, enquanto etapa final da formação de cidadãos críticos e conscientes, preparados para a vida adulta e a inserção autônoma na sociedade, importa reconhecer o papel das competências de leitura e interpretação de textos como uma instrumentalização dos indivíduos, capacitando-os à compreensão do universo caótico de informações e deformações que se processam no cotidiano.

Neste contexto pensando na música como fonte histórica e na forma como esta se associa às relações e conflitos sociais em diferentes momentos e situações históricas, em específico no período da ditadura militar (1964-1985), é que elaboramos a presente proposta, tendo como objetivo geral mostrar aos alunos através da leitura e audição de canções produzidas na década de 70, de que forma agia o regime ditatorial no país, e em contrapartida, de que maneira os artistas e outros diferentes setores da sociedade resistiam contra o sistema político.

Pretendemos ainda contribuir no sentido de mostrar aos alunos a importância da música como fonte histórica, proporcionando a eles a apreensão de conhecimento histórico referente ao período da Ditadura Militar (1964-1985) através da leitura e interpretação de algumas letras de músicas produzidas no período por diversos artistas ligados a MPB.

“O golpe político-militar, de 31 de março, de 1964, deu início ao mais longo período de governo ditatorial da história do Brasil. Ou, melhor dizendo, explicitamente ditatorial” . Implementado por militares e com o apoio de setores conservadores da sociedade, tais como a igreja, “latifundiários do Nordeste e do Sudeste, lideranças das forças armadas e do empresariado industrial, magnatas do capital financeiro [...] e setores das classes médias asfixiadas pela inflação” , além destes, a imprensa principalmente dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, direcionou grande apoio ao golpe, os jornais: Estadão, Folha de São Paulo, O Globo, apoiaram inicialmente a ditadura, no qual o jornal Folha de São Paulo não sofreu com a censura imposta após o golpe. Mas a população, a sociedade em geral não foi favorável ao golpe político-militar.
O golpe trazia consigo o lema “Segurança e Desenvolvimento”, e o desejo de manter ainda em vigor, o velho modelo de exclusão política e social, gestado desde a época da fundação do regime republicano, principalmente, visando manter afastada das decisões políticas a maioria da população, que, desde a morte de Vargas, vinha se politizando.

Neste sentido várias medidas foram adotadas no país pelos militares que através de treze atos institucionais pretendiam controlar a sociedade brasileira, afastar o país do risco comunista, e manter o ‘status quo’ por tempo indeterminado. Com isso, como nos mostra Adriana Lopes: “A sociedade civil, aviltada descobriu, um outro Brasil, rude, autoritário, diverso daquele país generoso e “cordial” dos anos de Juscelino e seus sucessores” .

As medidas dos militares afetaram significativamente o setor cultural do país, onde por meio da repressão estabelecida pelos diversos departamentos de censura criados no país, os artistas tiveram várias de suas obras censuradas bem como a liberdade de expressão na criação de novas obras explicitamente abafada.

A música, sobretudo a música popular brasileira, foi talvez uma das manifestações artísticas e culturais do país que mais tenha sofrido com a repressão e a censura, onde é possível observar nas canções abaixo que os censores ao analisá-las, ficavam presos aos mais insignificantes detalhes, que sob a sua ótica iam contra os princípios morais e aos padrões culturais da época, mas principalmente, estavam sempre atentos às mensagens que por ventura representassem contrariedade as intencionalidades do regime.

Um primeiro exemplo é a canção “Cadê o Meu” de Chico Buarque, que acabou sendo exilado na década de 1970. Assinada com o heterônimo de Julinho da Adelaide, pseudônimo utilizado pelo artista na década de 1970 para despistar os censores, a letra foi proibida em maio de 1973, por tratar-se de “crítica desvairosa ao movimento progressista nacional” . Na observação da técnica de censura Odete Martins Lanziotti, o compositor protestava contra o ‘milagre brasileiro’, conceito de progresso nacional difundido pelo governo militar no início da década de 1970.

Cadê o Meu
Composição: Julinho da Adelaide


O meu amigo está dando mancada
no nosso negócio
eu dou um duro danado
ele vive no ócio.
Pro meu amigo
todo dia é feriado.
eu to à perigo.
ele vive folgado.

Cadê o meu?
Cadê o meu, ó meu?
Dizem que você se defendeu

É o milagre brasileiro
Quanto mais trabalho
Menos vejo dinheiro
É o verdadeiro boom
Tu tá no bem bom
Mas eu vivo sem nenhum
Eu não falo por despeito
Mas, também, se eu fosse eu
lembrava o teu, cobrava o meu direito

Censurada a canção teve trechos como “O meu amigo está dando mancada no nosso negócio. Eu dou um duro danado ele vive no ócio. Pro meu amigo todo dia é feriado. Eu to à perigo. Ele vive folgado” retirados, sendo algum tempo depois liberada para gravação sob o titulo de “Milagre Brasileiro”.

Milagre Brasileiro
Julinho da Adelaide


Cadê o meu?
Cadê o meu, ó meu?
Dizem que você se defendeu
É o milagre brasileiro
Quanto mais trabalho
Menos vejo dinheiro
É o verdadeiro boom
Tu tá no bem bom
Mas eu vivo sem nenhum
Cadê o meu?
Cadê o meu, ó meu?
Eu não falo por despeito
Mas, também, se eu fosse eu
Quebrava o teu
Cobrava o meu
Direito.

Outro exemplo é a canção “Papai me empresta o carro”, de autoria de Rita Lee e Roberto de Carvalho. Enviada ao DCDP - Divisão de Censura de Diversões Públicas, na ação conjunta de dois censores, a música foi extremamente censurada, pois na visão dos censores, como podemos perceber na transcrição de trechos do parecer feitos por eles em dezembro de 1978, a música era classificada como imprópria, pois a letra atenta contra a moral e os bons costumes, valores preservados pela Divisão de Censura:

Departamento de Polícia Federal
Serviço de Censura de Diversões
Parecer: nº. 3258
Exame Censório

De acordo com o veto pelas razões abaixo:

a) a estrutura familiar binômio pai/mãe são contestados pela falta de autenticidade;
b) a afirmação de que “não tem medo de fazer o que quer” naturalmente excluída a regulamentação sócio/comportamental.
c) a linguagem frouxa (desrespeitosa): “só quero um sarro”.
d) mensagem final em metáfora: “mais hora no seu carro com meu bem. Que traduzido diz naturalmente que o sexo será no carro: o que coloca em evidência os costumes da época. Não vamos endossá-lo para mais diluir os bons costumes. [...]

Rio de Janeiro 13 de dezembro de 1978
Maria A. Brum Duarte. Tec. De Cons .

Abaixo, a letra original da música enviada ao DCDP:

Papai me Empresta o Carro
Rita Lee e Roberto de Carvalho


Papai me empreste o carro
Papai me empreste o carro
To precisando dele pra levar
Minha garota ao cinema
Papai nao crio problema
Nao tenho grana pra pagar
um motel, nao sou do tipo que frequenta
bordel, você precisa me quebrar esse galho
Então me empreste o carro
papai me empreste o carro
Pra poder tirar um sarro com
meu bem!
Papai eu nao fumo
papai eu nao bebo
Meu único defeito é nao ter medo
De fazer o que gosto
Papai eu aposto
Na minha idade você pintava
o sete, mamãe tem ódio de uma tal
Elizete, aqui em casa eh impossível
namorar
Então qual eh a sua?
Eu só quero sarro
Meia hora no seu carro
com meu bem! Uuu..

Ter ou não a obra liberada era, nas palavras de Chico Buarque, roleta russa, visto que, às vezes, uma canção nem tinha a intenção, e mesmo assim, era censurada e em outras, nem era censurada, mais era feita intencionalmente. Chico Buarque foi um dos artistas e compositores mais perseguidos pela ditadura, ao todo ele teve 40 músicas vetadas. Mas como ele, muitos outros artistas tiveram muitas de suas obras censuradas.

Entretanto, mesmo diante de todas as desregradas e rígidas medidas dos censores e militares, os artistas não se redimiram e em meio a protestos abertos e conflitos, por vezes, muito violentos, eles se mostravam e expressavam contrários ante o regime político no país. Na década de 1970, após a publicação do AI – 5 ocorreu um endurecimento, ainda maior na ditadura. Assim, a fim de despistar os censores e manifestar sua opinião, os artistas mesmo sofrendo intensa repressão, e vivendo sob constante vigilância, não deixavam de escrever suas canções, utilizando deste modo do recurso metáfora, em que através de palavras com duplo sentido, e algumas expressões, “por debaixo dos panos” expressavam toda sua indignação contra o regime e aos militares.

Diversas canções foram escritas desta forma neste período, canções que hoje ouvimos, e muitas vezes, nem se quer damos conta que se trata de uma crítica disfarçada a este período.
Um exemplo é a canção “Apesar de Você”, de autoria de Chico Buarque de Holanda, que na época em que escreveu a canção, 1970, ainda usava o pseudônimo, de Julinho da Adelaide. No mesmo ano em que a seleção brasileira de futebol conquistou o tricampeonato mundial, as torturas e desaparecimentos de pessoas contrárias ao regime do general Médici eram constantes. Chico Buarque fez a letra dirigida exatamente à Médici, e enviou aos censores, certo de que não passaria. Mais para seu engano a canção passou e foi gravada e o compacto atingia a marca de 100 mil cópias, quando um jornal insinuou que a música era uma homenagem ao presidente. A gravadora foi invadida e todas as cópias destruídas. Chico foi chamado a um interrogatório para prestar informações e esclarecer que era o “você” mencionado na música, e respondendo disse: “É uma mulher muito mandona, muito autoritária”. A canção só foi regravada em 1978, num álbum que leva o nome do autor da música.

Apesar De Você
Chico Buarque


Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.
Apesar de você
amanhã há de ser outro dia.
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar.
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro.
Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
de “desinventar”.
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar.
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria.
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença.
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
antes do que você pensa.
Apesar de você
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia.
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai se dar mal, etc e tal.

Outro exemplo é a canção “O Bêbado e o Equilibrista”, de autoria de João Bosco e Aldir Blanc. Composta em 1979, tornou-se um símbolo da luta pela anistia. Pela volta dos exilados e pela abertura política do regime militar.

O Bêbado e A Equilibrista
João Bosco / Aldir Blanc


Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos
A lua, tal qual a dona do bordel,
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens, lá no mata-borrão do céu,
Chupavam manchas torturadas, que sufoco!
Louco, o bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil pra noite do Brasil.
Meu Brasil.
Que sonha com a volta do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu num rabo de foguete.
Chora a nossa pátria mãe gentil,
Choram Marias e Clarisses no solo do Brasil.
Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente, a esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha pode se machucar
Asas, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar...

Na canção, Carlitos, personagem mais famoso de Charles Chaplin, representa a população oprimida, mas que ainda, consegue manter o bom humor, denunciava as injustiças sociais de forma inteligente e engraçada. A equilibrista dançando na corda bamba, de sombrinha, é a esperança de todo um povo. Henrique de Sousa Filho, conhecido como Henfil, foi um cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro. Seu irmão, Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho, foi um sociólogo e ativista dos direitos humanos brasileiro; concebeu e dedicou-se ao projeto Ação da Cidadania contra a Miséria e Pela Vida. Com o golpe militar, em 1964, mobilizou-se contra a ditadura, sem nunca esquecer as causas sociais. Mas, com o aumento da repressão, foi obrigado a se exilar no Chile em 1971. Maria era mãe de Betinho (irmão de Henfil) e Clarice a mulher do jornalista assassinado na ditadura, Vladimir Herzog. Mas Marias e Clarisses, no plural, fazem referência às mães, talvez irmãs ou mulheres de pessoas que se foram, ou mesmo deixaram o nosso país, lutando por um ideal, um sonho, de ver o Brasil livre para a informação e para a expressão das artes.

Podemos observar que as canções, mesmo que por meio da metáfora, fazem referência a diferentes realidades e contextos vivenciados por diferentes segmentos da sociedade no período militar. Neste sentido que a escolhemos como fonte na realização desta proposta.

E para que elas tornassem acessíveis aos alunos durante às aula, é que optamos pelo uso do rádio como veículo de transmissão destas canções, pois como nos atenta Circe Bittencourt: “se existe certa facilidade em usar a música para transformá-la em objeto de investigação. Ouvir música é um prazer, um momento de diversão, de lazer, o qual, ao entrar na sala de aula, se transforma em uma ação intelectual” .

O rádio foi escolhido também por tratar-se de um importante veículo de comunicação utilizado pelos artistas na ditadura militar, onde, mesmo que sofrendo intensa repressão, por meio deste vinculavam suas canções em diferentes programas locais, como também divulgavam a agenda dos shows, desta forma, mobilizando, e ao mesmo tempo, despertando questionamentos na população.

Realizaremos um programa de rádio que será apresentado por dois dos membros da equipe. Para a transmissão deste programa não será utilizado o recurso de gravação prévia, já que toda encenação se realizará ao vivo. Durante o programa as canções escolhidas serão tocadas, e em seguida, os comentaristas farão breves contextualizações históricas acerca das realidades vivenciadas no período que se relacionam com as idéias implícitas nas canções.

Abriremos também um espaço para que os alunos ouvintes façam participações ao vivo, e expressem assim, opiniões e posicionamentos, e troquem diálogos com os apresentadores referentes ao conteúdo do programa e das canções.
Conforme nos mostra, Napolitano:

O uso da música é importante por situar os jovens diante de um meio de comunicação próximo de sua vivência, mediante o qual o professor pode identificar o gosto, a estética da nova geração. Apesar de todas essas vantagens, o uso da música gera sempre algumas questões .

Neste sentido, esperamos que os alunos consigam compreender através das canções ouvidas e analisadas, o conteúdo histórico da ditadura militar, e que percebam nestas músicas, uma importante fonte para se conhecer a história.

Esperamos ainda, que eles identifiquem nas letras, contextos e realidades vivenciadas pelos artistas no país durante o período ditatorial, encarando-as não só como uma forma de se expressar culturalmente, mais sim, como algo carregado de sentido político.

Fontes consultadas
Processos referentes a censura à canções expedidos por vários departamentos de censura do período ditatorial brasileiro.

Letras das canções
Milagre Brasileiro - Julinho da Adelaide
Papai me Empresta o Carro - Rita Lee e Roberto de Carvalho
Apesar De Você - Chico Buarque
O Bêbado e A Equilibrista - João Bosco / Aldir Blanc

Referências bibliográficas
BITTENCOURT, Circe Maria. Ensino de história: fundamentos e métodos - docência em formação. Rio de Janeiro: Cortez, 2008.

BRASIL. S. de E. Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais - Arte. Brasília: ME, 1997.

FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano 4: o tempo da ditadura. 1 ed. São Paulo: Editora Civilização Brasileira, 2003.

JOVEM, Equipe. Música para quê?. In: REVISTA MUNDO JOVEM. Um jornal de Idéias. Porto Alegre-RS: PUC-RS, ano 45, n. 373, fevereiro de 2007.

LOPEZ, Adriana. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008. 

* Artigo produzido para a disciplina de Prática de Ensino em História sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.

A propaganda ideológica como fonte histórica

Débora de Cássia Lopes

Getúlio Vargas através da utilização expressiva dos meios de comunicação: [jornais, rádios e revistas] divulgou a existência de um suposto plano comunista [Plano Cohen] afirmando que os comunistas assumiriam o poder no Brasil.
Através da publicidade política e da propaganda ideológica, Vargas manipulou a população brasileira, promoveu sua ideologia e aplicou o golpe do Estado Novo. O presidente adotou um regime político centralizado e autoritário de 1937-1945, impôs uma nova constituição aos brasileiros com características antidemocráticas.

Os jornais eram grandes aliados de Vargas na sociedade burguesa – meio de comunicação dos letrados, o líder político tendo noção exata da importância da propaganda para o apoio político,ordena, distribui e incentiva o sistema de radiodifusão em todo o país.

O rádio, mídia de massa, elemento fundamental da comunicação à distância, possibilitou Vargas chegar aos locais mais distantes do país, dispensando a leitura e incluindo os analfabetos [grupo que não tinha acesso aos jornais impressos].

Preparando-se então para utilizá-lo em proveito próprio é criado o programa “A Hora do Brasil” programa nacional de caráter oficial, o presidente falava diretamente com o povo, anunciava as obras do governo e divulgava sambas para glorificar a si mesmo. Atualmente o programa é exibido com o nome a “A Voz do Brasil”.

Para controlar e repreender a população, o governo criou um órgão chamado (DIP) Departamento de Imprensa e Propaganda, toda noticia tinha que passar por uma banca examinadora antes de ir ao ar, censura aos meios de comunicação e as manifestações artísticas como: teatro, cinema e música. O objetivo do governo era afastar a população da oposição política e intelectual.

Vargas foi conquistando os brasileiros aos poucos, tendo contado direto com as massas, desfilou na comemoração do Dia do Trabalho no Estádio do Pacaembu em São Paulo, o aniversário do presidente era comemorado no Dia da Raça, dessa maneira o presidente ganhou o titulo de “O Pai dos Pobres”.

O objetivo deste trabalho é analisar a política ideológica de Vargas, compreender como que a propaganda e a publicidade influenciaram em sua carreira política.

Inicialmente será realizada em sala de aula, uma apresentação sobre o conteúdo com a utilização de recursos audiovisuais, imagens. Logo em seguida a sala será dividida em grupos, cada grupo receberá uma fonte: como um artigo de uma revista, fotografia do presidente em eventos festivos com a população brasileira, trechos dos discursos de Vargas.

Cada grupo ficará responsável pela análise das fontes históricas, em seguida, será realizada uma apresentação coletiva em sala de aula. Uma nova forma de abordar o conteúdo histórico, visando despertar nos alunos interesse e curiosidade pela política nacional.

Referências Bibliográficas:

SIMÕES, Cassiano Ferreira. Diálogos Possíveis. FSBA, ano 5, n.1 (jan/jun.2006)



www.historiaviva.com.br

 * Artigo produzido para a disciplina de Estágio Supervisionado sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.

terça-feira, 15 de maio de 2012

A bossa nova e os anos JK: os anos dourados?

Álvaro Nonato Franco Ribeiro

O ensino de História não é uma tarefa fácil. No cotidiano escolar os alunos são convidados a compreenderem uma realidade completamente distinta da qual estão inseridos e dependendo da forma como o conteúdo é trabalhado torna-se totalmente insignificante no processo ensino-aprendizagem. Vivemos em um mundo carregado de possibilidades tecnológicas, que aliadas ao conhecimento histórico, podem se tornar recursos didáticos viáveis e atrativos, contribuindo no enriquecimento pedagógico das aulas de história.

Dessa forma, o objetivo desse artigo é analisar as possibilidades da utilização da música dentro do ensino fundamental, no período que vai de 1956 a 1961, quando quem governava o Brasil era JK, o também chamado “Presidente Bossa Nova”. Esse foi um período de grande desenvolvimento cultural e intelectual na sociedade brasileira, cuja uma de suas maiores expressões foi a Bossa Nova, sendo este estilo musical o recurso didático utilizado nesse artigo.

A década de 1950 ficou conhecida dentro da história como os chamados “Anos Dourados”, graças a esse grande desenvolvimento cultural. Nos cinemas era possível se assistir as chanchadas protagonizadas por Oscarito, Grande Otelo, Dercy Gonçalves, Zé Trindade e Mazzaropi, que provocavam grandes risadas nos espectadores.

Revistas como O Cruzeiro e Manchete aumentavam a cada mês as suas triagens, a população praticamente analfabeta se encantava com as fotografias. O rádio era o grande meio de comunicação, com ele era possível aos brasileiros receberem noticias do país e do mundo, se divertir, com os concursos Miss Universo e das Rainhas do Rádio, e ainda, com a possibilidade de se emocionar acompanhando novelas como “O Direito de Nascer”. Somando-se a tudo isso, a TV aos poucos começa a entrar nos lares brasileiros.

Na música João Gilberto cantando Desafinado inaugura o movimento Bossa Nova no Brasil. Surgida na zona sul do Rio de Janeiro, em oposição ao samba, visto agora como atrasado, associado aos morros cariocas. Com uma nova batida, influenciada pelo jazz norte-americano, acompanhado principalmente pelo piano, baixo, bateria, com batidas no violão dissonante, promovendo a integração entre melodia e ritmo. Correspondia aos anseios do “novo” Brasil, que vinha sendo construído ao longo da década de 1950, os ideais de urbanização e modernidade ganharam cada vez mais força:

“Ao analisar o termo bossa, percebe-se que era designado para representar o que era novo, atual, diferente. Neste caso nada mais novo que um presidente da república com projetos tão ousados e uma música que (...) se afinava com as intenções políticas.” [1]

A partir daqui podemos percebemos o porquê da denominação dos anos JK, como República Bossa Nova. Juscelino Kubitscheck de Oliveira destacou-se como homem público de ação[2]. Suas propostas ao assumir a presidência do Brasil, era a de levar o país ao grupo das chamadas nações desenvolvidas. E isto seria feito através da industrialização e modernização do Brasil. Também fica claro a razão desse estilo musical ser uma ótima escolha para o professor trabalhar com este período, pois reflete os ideais dessa época.

O carro chefe de sua campanha foi o slogan “50 anos em 5”, que procurava dar ao Brasil um desenvolvimento de 50 anos em 5 de governo, e o Plano de Metas,  um documento caracterizado principalmente por avanços na economia. Dividia-se basicamente em 30 metas, distribuídas em avanços para os setores de energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação. Brasília foi incorporada durante a campanha presidencial, assumindo grande destaque, sendo caracterizada como “meta-síntese” de seu governo, pois ela representaria nada mais que modernidade e a urbanização. Podemos perceber que JK trabalhava com a “linguagem do desenvolvimento”.

Baseado nesses projetos, JK conquistou o apoio de grande parte da população.  Uma pesquisa realizada no estado da Guanabara em 1961 revelou que 80% da população pesquisada confirmaram que Juscelino realmente acelerou o desenvolvimento do Brasil[3].  O clima era de estabilidade política e grande desenvolvimento cultural:
“O país respirava cultura e era mais democrático. O Partido Comunista mesmo clandestino atuava intensamente. Com isso as greves eram atribuídas a comunistas e desordeiros.[4]

Mas será que essa política nacional-desenvolvimentista dos anos JK só trouxe benefícios para o Brasil? Realmente podemos afirmar que durante seu governo o Brasil viveu apenas Anos Dourados? Pela citação acima podemos perceber que havia oposição ao governo, mesmo ele possuindo grande índice de aprovação. O que será que provocava essa insatisfação? Esses questionamentos poderão funcionar como problemáticas para impulsionar a explicação do conteúdo.

Ao incluir a Bossa Nova em aulas sobre o governo JK pretendemos que os alunos: desenvolvam consciência critica ao se depararem com documentos históricos; analisem as principais características do governo JK, e qual sua importância para o Brasil; compreendam as características do nacional desenvolvimentismo e do Plano de Metas, e suas conseqüências para o país; entendam que havia grupos que eram contrários ao governo JK, e as causas dessa oposição.

Ao incluir fontes históricas em nossas aulas estaremos atendendo a uma exigência dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que nos pedem para reduzir a distância entre o saber acadêmico e o saber escolar. Nossa intenção não é transformar o aluno em um “pequeno historiador”, mas usar ferramentas deste ofício que podem servir como recursos didáticos para a sala de aula.

A preocupação com a utilização de documentos é uma tendência dentro do ensino de história. Assim aponta Circe Bittencourt:

“As justificativas para a utilização de documentos nas aulas de História são várias e não muito recentes. Muitos professores que os utilizam cosideram-nos um instrumento pedagógico eficiente e insubstituível, por possibilitar o contato com o ‘real’, com as situações concretas de um passado abstrato, ou por favorecer o desenvolvimento intelectual dos alunos, em substituição de uma forma pedagógica limitada à simples acumulação de fatos e de uma história linear e global elaborada pelos manuais didáticos” [5]

Ou seja, o ensino associado à utilização de fontes históricas contribuem para colocar o aluno em contato com um passado que dependendo da forma que lhe é apresentado se torna muito distante, dissociado do tempo presente e totalmente entediante. Ajudam ainda no desenvolvimento intelectual dos alunos, uma vez que rompe com a idéia de história linear, e ajudam no desenvolvimento da criticidade e da interpretação. Podemos incluir ainda, que eles contribuem para deixar as aulas mais interessantes e prazerosas.

Para esta aula utilizaremos as músicas “Sinfonia da Alvorada” de Vinícius de Morais e Antonio Carlos Jobim, composta a pedido de Juscelino Kubitscheck para a inauguração da Brasília. Também será utilizada a música “Presidente Bossa Nova” de Juca Chaves. Um cuidado a ser tratado antes de se iniciar a aula é explicar para os alunos sobre o grau intencionalidade que existe em todas as fontes. A Sinfonia da Alvorada foi uma música encomendada pelo governo brasileiro, então seus aspectos servirão para enaltecer o presidente JK e suas realizações. Juca Chaves não estava ligado a facções políticas, portanto em sua música poderemos observar a livre opinião. Sabendo desses aspectos a interpretação das fontes no transcorrer da aula irá se tornar uma tarefa mais fácil.

A denominação “Anos Dourados” para designar a década de 1950, também deve ser comentada antes de iniciar a explicação do conteúdo, uma vez que ela será um dos principais questionamentos a serem realizados nessa aula. Cabe também, mencionar que ela era uma expressão utilizada inicialmente apenas para a cultura, mas que passou a designar a política dos anos JK, pois as propostas desse governo se relacionavam perfeitamente com o desenvolvimento cultural e intelectual do período. Uma boa forma de realizar isso é intitular a aula como “JK: Os anos dourados?”. Apresentado na forma de uma questão despertou a curiosidade para as problematizações que serão desenvolvidas no decorrer da aula.

Depois de realizar essas constatações, damos seguimento à aula, discutindo com os alunos sobre a forma como JK era visto pelo povo brasileiro, comparando a música “Presidente Bossa Nova” com a segunda parte da “Sinfonia da Alvorada”, intitulada “O homem”, que não é nada mais que uma analogia ao próprio Juscelino:

Presidente Bossa Nova
Juca Chaves
Bossa nova mesmo é ser presidente
Desta terra descoberta por Cabral
Para tanto basta ser tão simplesmente
Simpático, risonho, original.

Depois desfrutar da maravilha
De ser o presidente do Brasil,
Voar da Velhacap pra Brasília,
Ver a alvorada e voar de volta ao Rio.

Voar, voar, voar, voar,
Voar, voar pra bem distante, a
Té Versalhes onde duas mineirinhas valsinhas
Dançam como debutante, interessante!

Mandar parente a jato pro dentista,
Almoçar com tenista campeão,
Também poder ser um bom artista exclusivista
Tomando com Dilermando umas aulinhas de violão.

Isto é viver como se aprova,
É ser um presidente bossa nova.
Bossa nova, muito nova,
Nova mesmo, ultra nova

Sinfonia da Alvorada
Vinícius de Morais e Antonio Carlos Jobim
Parte II: O homem

Sim, era o Homem,
Era finalmente, e definitivamente, o Homem.
Viera para ficar. Tinha nos olhos
A força de um propósito: permanecer, vencer as solidões
E os horizontes, desbravar e criar, fundar
E erguer. Suas mãos
Já não traziam outras armas
Que as do trabalho em paz. Sim,
Era finalmente o Homem: o Fundador. Trazia no rosto
A antiga determinação dos bandeirantes,
Mas já não eram o ouro e os diamantes o objeto
De sua cobiça. Olhou tranqüilo o sol
Crepuscular, a iluminar em sua fuga para a noite
Os soturnos monstros e feras do poente.
Depois mirou as estrelas, a luzirem
Na imensa abóbada suspensa
Pelas invisíveis colunas da treva.
Sim, era o Homem...
Vinha de longe, através de muitas solidões,
Lenta, penosamente. Sofria ainda da penúria
Dos caminhos, da dolência dos desertos,
Do cansaço das matas enredadas
A se entredevorarem na luta subterrânea
De suas raízes gigantescas e no abraço uníssono
De seus ramos. Mas agora
Viera para ficar. Seus pés plantaram-se
Na terra vermelha do altiplano. Seu olhar
Descortinou as grandes extensões sem mágoa
No círculo infinito do horizonte. Seu peito
Encheu-se do ar puro do cerrado. Sim, ele plantaria
No deserto uma cidade muita branca e muito pura...

O primeiro passo é fazê-los ouvir as canções e acompanhar as suas letras. Depois partimos para os questionamentos: é possível afirmar que as músicas representam o presidente da mesma forma? Qual é a imagem do presidente que as canções constroem?A partir das respostas dos alunos partimos a explicação. Em “Presidente Bossa Nova”, JK é representado como alguém descompromissado, alheio aos verdadeiros interesses do Brasil. Associado à Bossa Nova, JK representaria alguém superficial, que pretendia ser muito mais do que realmente era. Esta era uma das principais críticas a este gênero musical, considerado por muitos artistas como vazio, sem nenhuma função social. Além disso, Juscelino estaria mais empolgado com o fato de ser presidente, do que em fazer verdadeiras reformas no Brasil.  
A seguir partiremos para as constatações realizadas a partir da “Sinfonia da Alvorada”. 

Nessa música a visão é praticamente oposta. O “homem”, que como já foi explicado acima faz uma alusão direta à figura de JK onde ele é visto como um desbravador, aquele capaz de vencer a natureza, e erguer do nada uma cidade em meio ao planalto central do Brasil. Alguém empenhado e compromissado, disposto a levar o Brasil “rumo ao futuro”.

Depois de realizada estas explicações uma boa questão a ser levantada para os alunos é: “Qual eles acreditam que prevaleceu no imaginário da população brasileira? A de um presidente empenhado com os anseios da nação, ou a de alguém irresponsável, apenas deslumbrado com o seu cargo?”. Independente de respostas certas ou erradas, essa discussão deverá ser retomada no final da explicação, quando os alunos tiverem uma visão geral do conteúdo.

Agora é a hora de explicarmos sobre o Plano de Metas, o processo de modernização do Brasil operado durante o governo JK (instalação de indústrias de bens duráveis, construção de hidrelétricas, abertura de rodovias...), a política industrial baseada no nacional-desenvolvimentismo, o crescimento do PIB brasileiro e a fase de estabilidade e liberdade política, o ideal de modernização dos “50 anos em 5”. É claro, deve-se incluir aqui o desenvolvimento cultural.

A construção de Brasília também deve ser ressaltada como uma das principais realizações do governo JK, como o símbolo da integração nacional. Não podemos esquecer de mencionar a importância dos “candangos” como seus construtores. Aqui podemos utilizar mais uma vez a “Sinfonia da Alvorada”, que em sua terceira parte da chegada desses trabalhadores a região:

Sinfonia da Alvorada
Vinícius de Morais e Antonio Carlos Jobim
Parte III: A Chegada dos candangos

Tratava-se agora de construir: e construir um ritmo novo.Para tanto, era necessário convocar todas as forças vivas da Nação, todos os homens que, com vontade de trabalhar e confiança no futuro, pudessem erguer, num tempo novo, um novo Tempo.
E, a grande convocação que conclamava o povo para a gigantesca tarefa começaram a chegar de todos os cantos da imensa pátria os trabalhadores: os homens simples e quietos, com pés de raiz, rostos de couro e mãos de pedra, e que, no calcanho, em carro de boi, em lombo de burro, em paus-de-arara, por todas as formas possíveis e imagináveis, começaram a chegar de todos os lados da imensa pátria, sobretudo do Norte; forarn chegando do Grande Norte, do Meio Norte e do Nordeste, em sua simples e áspera doçura; foram chegando em grandes levas do Grande Leste, da Zona da Mata, do Centro-Oeste e do Grande Sul; foram chegando em sua mudez cheia de esperança, muitas vezes deixando para trás mulheres e filhos a aguardar suas promessas de melhores dias; foram chegando de tantos povoados, tantas cidades cujos nomes pareciam cantar saudades aos seus ouvidos, dentro dos antigos ritmos da imensa pátria...

Dois locutores alternados
– Boa Viagem! Boca do Acre! Água Branca! Vargem Alta! Amargosa! Xique-Xique! Cruz das Almas! Areia Branca! Limoeiro! Afogados! Morenos! Angelim! Tamboril! Palmares! Taperoá! Triunfo! Aurora! Campanário! Águas Belas! Passagem Franca! Bom Conselho! Brumado! Pedra Azul! Diamantina! Capelinha! Capão Bonito! Campinas! Canoinhas! Porto Belo! Passo Fundo!
Locutor  1
– Cruz Alta...
Locutor  2
– Que foram chegando de todos os lados da imensa pátria...
Locutor  1
– Para construir uma cidade branca e pura...
Locutor  2
– Uma cidade de homens felizes...

Uma questão a ser levantada é a seguinte: “como são representados esses trabalhadores nesse trecho da música?”. Os candangos são vistos aqui de forma idealizada, como os bravos brasileiros, que deixavam suas terras, principalmente na porção norte do Brasil, e se dirigem ao Planalto Central, para construir não apenas a cidade, mas um “novo tempo”, “num ritmo novo”.  A idealização do progresso e do futuro é algo que também pode ser ressaltado, tanto nesse trecho como no anterior citado nesse artigo. A observação necessária em ser aqui feita é a seguinte: essa música foi encomendada pelo governo, ela nos transparece a imagem que o governo fazia de si mesmo, ou seja, ele seria aquele que levaria o Brasil rumo ao futuro.

As razões dos candangos abandonarem suas terras e se dirigirem para o centro-oeste não são especificados na música. Se elas fossem incluídas na canção revelariam a incapacidade do governo em solucionar os problemas econômicos e sociais que afligiam as regiões norte e nordeste do país. O último verso (“-Uma cidade de homens felizes...”) também abre espaço para questões. Será mesmo Brasília uma cidade construída sobre a felicidade dos homens? Será que os construtores de Brasília encontraram espaço na cidade após a sua inauguração em 21 de abril de 1961?

A partir dessas questões partiremos para os pontos negativos do governo JK, deixados propositalmente para o fim dessa aula. Além da questão dos candangos já discutidas acima, cabe se falar sobre o aumento da inflação, o crescimento da divida externa, da corrupção e dos muitos gastos com a construção de Brasília. A “política entreguista”, como foi chamada pelos opositores de JK, também deverá ser aqui incluída, pois ela promoveu a desnacionalização de indústrias brasileiras.

Encerradas essas discussões voltaremos para o inicio dessa proposta de aula, quando questionamos sobre qual imagem de JK prevaleceria no imaginário dos brasileiros. E a partir do conhecimento que os alunos adquiriram no decorrer da explicação eles serão capazes de responder a essa questão, baseada em suas próprias constatações. A partir destas é possível discutir o título da aula: “JK: Os anos dourados?”.

Primeiramente devemos perguntar aos alunos se agora eles entendem a razão do título vir na forma de uma pergunta. Já foi mencionado neste artigo que o termo Anos Dourados pertencia a inicialmente ao desenvolvimento cultural, e passou a designar a política JK, pois esta também representava um grande ideário de modernização. Analisando aqui os aspectos positivos e negativos acredito que os anos JK, apesar de todos os seus problemas e conseqüências, contribuíram para o desenvolvimento do Brasil. Mas isto não foi produto exclusivo de Juscelino, uma vez que este foi iniciado durante a Era Vargas (1930-1945).

O país deixou pouco a pouco de ser um mero exportador de gêneros primários, a indústria ganhava a cada dia mais espaço dentro da economia nacional. Necessitávamos de uma série de reformas se realmente queríamos a modernização, e o Plano de Metas implementado por JK atendia exatamente a esses anseios, e podemos afirmar que o presidente, pelo menos nos setor da industrial e no que a eles se relacionava, realmente ajudou no desenvolvimento Brasil:

“De fato, o êxito na implementação do Plano de Metas foi inegável. As metas de energia e transporte, investimentos em infra-estrutura, considerados indispensáveis ao aprofundamento da industrialização alcançaram resultados notáveis”.[6]

Mesmo analisando esses aspectos benéficos, utilizar o termo Anos Dourados para esse período pode produzir uma visão idealizada. Recorrendo a ele o professor corre o risco de reproduzir no imaginário de seus alunos apenas os bons aspectos do governo JK. As medidas colocadas em prática por ele sem duvida alguma contribuíram para a modernização do país, mas trouxeram juntamente consigo consequências, que afetaram de forma negativa a política brasileira nas décadas posteriores.                                                                                                                                                                                        

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.

BORGES, Adriana Evaristo Borges. República bossa nova: o encontro entre a música e a política (1956-1960).

CARMO, Paulo Sérgio do. Culturas da Rebeldia: a juventude em questão. São Paulo: Editora Senac, 2000.

MOREIRA, Vânia Maria Losada. Os anos JK: industrialização e modelo oligárquico de desenvolvimento rural. In: FERREIRA, Jorge. DELGADO, Lucília de Almeida Neves (Org.). O Brasil Republicano: o tempo da experiência democrática. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.


[1] BORGES, Adriana Evaristo Borges. Republica bossa nova: o encontro entre a música e a política (1956-1960). Artigo cientifico.
[2]MOREIRA, Vânia Maria Losada. Os anos JK: industrialização e modelo oligárquico de desenvolvimento rural. In: FERREIRA, Jorge. DELGADO, Lucília de Almeida Neves (Org.). O Brasil Republicano: o tempo da experiência democrática. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
[3] Idem.
[4] CARMO, Paulo Sérgio do. Culturas da Rebeldia: a juventude em questão. São Paulo: Editora Senac, 2000.
[5] BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
[6] MOREIRA, Vânia Maria Losada. Os anos JK: industrialização e modelo oligárquico de desenvolvimento rural. In: FERREIRA, Jorge. DELGADO, Lucília de Almeida Neves (Org.). O Brasil Republicano: o tempo da experiência democrática. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.


* Artigo produzido para a disciplina de Estágio Supervisionado sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.